A vitória do venezuelano Pastor Maldonado no GP da Espanha surpreendeu o mundo da Fórmula 1. A cotação na bolsa de apostas era de 300 para 1. Ele está apenas em sua segunda temporada e venceu por uma equipe que enfrentava um jejum de mais de sete anos.O que me levou ao exercício de pensar em quem se encontrou na mesma situação na F1.
O primeiro nome que vem à mente é o de Fernando Alonso. Sua primeira temporada foi a de 2001, pela Minardi. Evidentemente não podia fazer milagre com aquele carro. Voltou em 2003 como titular da Renault. Naquele ano venceu o GP da Hungria, colocando uma volta em cima de um tal Michael Schumacher. A equipe não vencia desde 1997, quando ainda era Benetton. Seis anos de jejum, portanto.
Em seguida, Ayrton Senna. Estreou na Fórmula 1 em 1984 e obteve sua primeira vitória em 1985, no GP de Portugal, no dia em que morreu Tancredo Neves. Sua equipe, a Lotus, só havia vencido uma vez desde 1978, ano do último título: foi em 1982, com Elio de Angelis.
Claro, o caso mais extraordinário é o do alemão Sebastian Vettel. Sua estreia ocorreu no ano de 2007, pela equipe BMW, ao substituir o acidentado Robert Kubica. E já o fez na zona de pontuação, com um oitavo lugar. Na mesma temporada pilotou pela Scuderia Toro Rosso, tendo como grande resultado um quarto lugar no GP da China (GP lembrado pelo erro bizarro de Lewis Hamilton antes de entrar nos boxes). No ano seguinte obteve sua primeira vitória em Monza, num GP chuvoso. E por que considero o caso dele como o mais extraordinário? Porque a Toro Rosso nunca havia vencido antes. Nem venceu depois. (Mais do que isso: antes a equipe era a Minardi, a tartaruga da F1)
Só até aqui já falamos de três pilotos fantásticos e sete títulos mundiais, e ficamos apenas com a F1 recente (tá bom, Senna não é tão recente assim). Voltando um pouco mais no tempo, encontramos Michele Alboreto vencendo pela Tyrrell em sua segunda temporada (1982), no GP de Las Vegas (o último do ano). A equipe passava por um jejum de quatro anos, desde a vitória de Patrick Depailler em 1978.
Como não poderíamos deixar de ter um exemplo bizarro, houve um piloto italiano que, em sua segunda temporada, encerrou um jejum de 5 anos sem vitórias da Ferrari. Estamos falando de Vittorio Brambilla, "o Gorila de Monza". Os treinos para o GP da Áustria de 1975 já haviam sido marcados pelo grave acidente de Mark Donohue (que viria a falecer dois dias depois da corrida). Choveu muito durante a prova, que foi interrompida após 29 voltas. A forma como o cara recebeu a bandeirada você vê a partir do minuto 0:57.
Outros pilotos que venceram na segunda temporada
Há outros pilotos que obtiveram sua primeira vitória na segunda temporada, mas que não contamos nesta comparação porque a equipe pela qual correram não enfrentava um longo jejum. É o caso, por exemplo, de Alain prost, que venceu em seu segundo ano, 1981, pela Renault; de Damon Hill, cuja segunda temporada (1993) ocorreu na campeã Williams; na mesma situação e equipe esteve David Coulthard (1995); Gilles Villeneuve, em seu segundo ano (1978), venceu pela Ferrari; Heikki Kovalainen venceu um GP com a McLaren em 2008. Isso sem falar no heptacampeão Michael Schumacher, que chegou ao degrau mais alto do pódio com a Benetton já em 1992, mas Nelson Piquet havia vencido com a mesma equipe em 1990 e 1991.
Peter Gethin teve em 1971, pela BRM, sua única vitória - famosa porque os cinco primeiros colocados chegaram no mesmo segundo. No mesmo ano, François Cevert venceu pela Tyrrell, que foi campeã com Stewart.
Um caso mais dramático é o do sueco Gunnar Nilsson, que venceu pela Lotus em sua segunda temporada (1977), mas após aquele ano interrompeu a carreira para tratar um câncer - que acabou por tirar-lhe a vida no ano seguinte.
Peter Gethin teve em 1971, pela BRM, sua única vitória - famosa porque os cinco primeiros colocados chegaram no mesmo segundo. No mesmo ano, François Cevert venceu pela Tyrrell, que foi campeã com Stewart.
Um caso mais dramático é o do sueco Gunnar Nilsson, que venceu pela Lotus em sua segunda temporada (1977), mas após aquele ano interrompeu a carreira para tratar um câncer - que acabou por tirar-lhe a vida no ano seguinte.
Já na F1 mais antiga encontramos o neozelandês Bruce McLaren vencendo em sua segunda temporada pela Cooper (1959); Mike Hawthorn (1953) e Jacky Ickx (1968) pela Ferrari; Tony Brooks vencendo com uma Vanwall (vitória compartilhada com Stirling Moss) em 1957, quarto ano da equipe; e Froylan González pela Ferrari (1951) - mas, neste momento, a F1 também estava em sua segunda temporada.
Vitórias na primeira temporada
Vitórias na primeira temporada
Há também alguns pilotos que venceram em sua primeira temporada, mas o fizeram por equipes grandes e que não enfrentavam um jejum. É o caso de Lewis Hamilton pela McLaren (2007), Emerson Fittipaldi pela Lotus (1970), Jacques Villeneuve (1996) e Juan Pablo Montoya (2001) pela Williams. Na F1 mais antiga encontramos Jackie Stewart vencendo pela BRM (1965) e Clay Regazzoni na Ferrari (1970).E o caso mais fantástico foi o de Giancarlo Baghetti: a bordo de uma Ferrari 156 F1 (mesmo modelo usado por Phil Hill, mas em uma equipe privada), venceu o GP da França em sua corrida de estreia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário