domingo, 20 de maio de 2012

Chelsea, campeão europeu

O Chelsea é o novo campeão europeu depois de superar o Bayern nos pênaltis. Os azuis conquistaram o título pela primeira vez, depois de quase chegarem lá em 2008.

Injustiça, dirão alguns. Afinal, quem buscou mais, quem chegou mais, quem arriscou mais foi o Bayern. Só que nada disso adianta se você não fizer o gol. E nas finalizações, francamente, o Robben estava pouco inspirado, o Mario Gomez nem se fala, e se você não souber fazer o gol, não adianta vir com essa história de merecer ganhar. Porque gols não se merecem, se fazem.

Terá sido um golpe de sorte do Chelsea? Talvez - mas seria sorte demais para um time só, ainda mais depois do que aconteceu nas semifinais. Quando um time é limitado e tem consciência da sua limitação, pode vencer outros times mais fortes e eventualmente ser campeão. Foi o que aconteceu com o Liverpool em 2005, quando eliminou o próprio Chelsea (que era visto como amplo favorito) e terminou batendo o Milan nos pênaltis.

O Bayern levou 83 minutos para vencer a resistência do Chelsea - que propôs um jogo defensivo e baseado em contra-ataques. O curioso é que a cabeçada foi em cima do goleiro, mas Cech se atrapalhou e os alemães ficaram em vantagem.

O Chelsea tinha, a partir daí, sete minutos para resolver a parada. Não podia errar. E foi num escanteio que Didier Drogba desviou de cabeça, também em cima do goleiro. E foi assim que conseguiram um improvável empate (aliás... improvável mesmo era ter eliminado o Barcelona jogando da mesma forma: fechadinho na defesa, à base de contra-ataque e bola parada).

Na prorrogação continuou dando Bayern. Drogba derrubou Ribéry na área e o juiz marcou pênalti. Na cobrança de Robben, brilhou o goleiro Cech. Como ninguém marcou na prorrogação, o jogo foi decidido nos pênaltis. (Nota: uma decepção este Robben. É bom jogador, mas sempre foi muito inflado pela imprensa. Sua capacidade sempre foi sobrevalorizada)

Lahm cobrou primeiro e fez o gol, o espanhol Mata parou no goleiro Neuer, Mario Gomez finalmente conseguiu balançar as redes, David Luiz fez o primeiro do Chelsea, Neuer cobrou o terceiro e marcou, Lampard também marcou, Olic cobrou no canto para defesa de Cech, Ashley Cole empatou, Schweinsteiger parou no goleiro e na trave e Drogba fechou a série marcando o gol da vitória.

Grande atuação do goleiro

O goleiro Petr Cech pulou no canto certo em todos os pênaltis. Defendeu a cobrança de Robben ainda no tempo normal, chegou a tocar na cobrança de Lahm, defendeu a cobrança de Olic e desviou o chute de Schweinsteiger, que acabou ainda batendo na trave.

Canhotos

Um mistério: por que será que o índice de aproveitamento de pênaltis de jogadores canhotos é menor que o dos destros? O que aconteceu hoje foi apenas mais uma demonstração de algo que já venho observando há tempos. Robben perdeu o seu durante a prorrogação e o mesmo aconteceu com Mata e Olic na decisão por pênaltis. Apenas Ashley Cole cobrou para o fundo das redes.

Ingleses não vencem finais

Uma estatística foi muito destacada pela imprensa: desde 2005, quase sempre houve um clube inglês na final da Champions League (a exceção foi 2010, Internazionale vs Bayern). Neste período os ingleses foram campeões por três vezes, mas com uma curiosidade: eles não venceram suas finais. As conquistas aconteceram sempre nos pênaltis. Foi assim que o Liverpool superou o Milan en 2005 (diga-se bem, o Milan teve tudo pra vencer, assim como o Bayern ontem). Foi assim também em 2008 quando Chelsea e Manchester United empataram e decidiram nos pênaltis (só pra lembrar: Cristiano Ronaldo perdeu o seu, e se não fosse pelo escorregão de John Terry, teria sido o vilão de uma derrota). E foi assim ontem.

No mais, o Arsenal perdeu para o Barcelona em 2006 (2 a 1); o Milan bateu o Liverpool em 2007 (2 a 1) com grande atuação de Kaká; o Barcelona do jogo coletivo venceu o Manchester United e o individualismo de Cristiano Ronaldo em 2009 por 2 a 0 (com direito a um belo gol de cabeça de Messi, que subiu todo desajeitado); e dois anos depois a final se repetiu, desta vez com o placar de 3 a 1 a favor dos espanhóis catalães.

Final em casa

A Champions League é definida em apenas uma partida. É um negócio muito cretino que esta partida seja no campo de um dos clubes. O local foi definido com muita antecedência e aí aconteceu isso. O Bayern jogou em casa. Já havia acontecido antes (oito vezes) de um clube definir a final em seu próprio país (2011, 1997, 1986, 1984, 1978, 1972, 1965, 1957) . E em três destas ocasiões, jogou a final em seu próprio estádio (Real Madrid 2 - Fiorentina 0 em 1957 no Bernabeu, Inter 1 - Benfica 0 em 1965, no San Siro, e Liverpool 1 - Roma 1 em 1984, no Estádio Olímpico de Roma). Foram duas vitórias do time da casa e uma derrota nos pênaltis - duas com a de ontem.

Aliás, pergunto: faltam bons estádios na Europa? A final da 2013 está marcada para o novo Wembley - e já tivemos uma final ali em 2011.

Final em casa 2

Essa vantagem cretina de jogar a final em casa acontece também em outros torneios, como a Copa do Rei. Numa final bastante recordada, o Real Madrid jogou contra o Deportivo La Coruña no Santiago Bernabeu e no dia do centenário merengue. Mas ainda assim perdeu.

Final em casa3

Discuti durante a semana com o amigo Thiago Arantes, da ESPN, sobre como seria legal disputar a final da Copa do Brasil em jogo único. Seria uma bela forma de aproveitar alguns dos estádios deixados pela Copa do Mundo (ou prestigiar cidades apaixonadas por futebol como Belém). Eu gosto da ideia, desde que não fique gerando essas vantagens cretinas, tipo jogar final do Flamengo no Maracanã.

Demite o treinador!

Tá certo que o cargo de treinador do Chelsea não tem lá muita estabilidade, mas esta é a segunda vez que o time londrino chega numa final de Champions League depois de demitir um treinador. Em 2008 quem levou o time à final foi o israelense Avram Grant, depois da demissão de José Mourinho. Desta vez foi Roberto di Matteo quem assumiu o time como interino após a demissão de André Villas-Boas (curiosamente, foi assistente de José Mourinho, que passou pela mesma situação anos antes).

Quando Villas-Boas foi demitido, o Chelsea havia perdido do Napoli (3 a 1) e precisava reverter o resultado para alcançar as quartas-de-final da Champions League. Não só conseguiu superar os italianos (4 a 1) como foi até o título da Champions, além de ganhar a Copa da Liga inglesa (sobre o Liverpool).

Nenhum comentário:

Postar um comentário