Não faltam elogios para a seleção brasileira depois de vencer os Estados Unidos por 4 a 1. São números contundentes. Mas há que se ver o que está por trás destes números.
Assisti ao jogo pelo Sportv (viva a liberdade de escolha!). Os dois comentaristas (Paulo Cesar Vasconcelos e Juninho Pernambucano) concordaram que o pênalti que gerou o primeiro gol não deveria ter sido marcado. Que o zagueiro Onyewu fez um movimento para se proteger. No momento da jogada até eu pedi pênalti, mas ao ver o replay tive que concordar com os dois.
No terceiro gol, Neymar faz uma jogada de ultrapassagem e ali acontece um impedimento muito fino, daqueles que é difícil de ver. Neymar deu um inteligente passe para trás, encontrando Marcelo desmarcado e em excelente posição para chutar.
O gol de Alexandre Pato também deu discussão. Mas, neste caso, a posição é legal: mesma linha. Digo isso depois de ter visto, revisto e calculado posição (porque com o ângulo das linhas não se pode simplesmente traçar uma paralela).
Quatro gols. Dois deles viciados. Isso contra um adversário que, sejamos sinceros, não tem cabimento. O time americano é um grupo esforçado e disciplinado - mas só isso, porque o tanto de bolas bobas que eles erraram mostra o quanto alguns deles são ruins. Só que dá pra ver ali o trabalho de um treinador. Diferentemente do time brasileiro, que depende unicamente de individualidades e do "subsídio divino" (vulgo "inspiração").
Ok, admitamos que o gol dos Estados Unidos (jogada bem trabalhada) também é viciado (houve uma falta quando eles roubam a bola). Temos então um 2 a 0. Pouco para o Brasil, normal para o padrão Mano Menezes. Poderíamos falar das três defesas muito difíceis feitas pelo goleiro Rafael, além de uma bola na trave - mas o goleiro está aí pra isso mesmo. Essa é a função dele. Do outro lado o Howard fez pelo menos duas defesas difíceis também. De qualquer forma, continuamos vulneráveis. Porque isso aconteceu contra um time ruim. Se fosse um time sério do outro lado...
Desde a última Copa, esta é a segunda goleada do Brasil, apesar de ter jogado contra potências como o Irã, a Romênia, a Venezuela (!!!), a Costa Rica, o Gabão e a Bósnia. Somente o Equador (4 a 2) havia sido goleado pelo Brasil na "(já) era Mano Menezes" - e ainda assim porque eles não podiam ficar na defensiva, precisavam vencer para tentar escapar de uma eliminação na Copa América.
É pouco. Com Mano Menezes, não há futuro numa Copa do Mundo.
Se não ele, quem então? - pode perguntar o leitor. Opino: Muricy. Ele tinha sido escolhido em 2010, mas preferiu respeitar o contrato vigente com o Fluminense. Depois foi para o Santos, ganhou uma Libertadores e pode ganhar de novo este ano. Aí vai ser difícil segurar a pressão - especialmente se o Mano falhar na busca pelo ouro olímpico.
Galvão Bueno
Sim, tive que ver o Galvão Bueno quando fui rever os gols no youtube. Por que diabos o cara grita "olha o gol" três vezes depois que todos nós... já vimos o gol? Até ele dar o grito de gol, o artilheiro já teve tempo de ir pra galera e dar tchauzinho para a mãe.
Terra
No portal Terra a manchete era sobre a primeira goleada da seleção. Tudo bem, isso é uma discussão conceitual: tem gente que considera 3 a 0 goleada (eu não). Tem gente que considera 4 a 2 como goleada (eu sim). Para eles nada disso é. Questão de opinião.
Mas o que eu queria compartilhar com o leitor é esta pérola: "Antes, o Brasil tinha como resultado mais elástico o 3 a 0 aplicado contra o Irã em 2010. Já a barreira de quatro gols só havia sido ultrapassada uma única vez, na vitória por 4 a 2 diante do Equador na Copa América, disputada na Argentina". Não é nada disso. A barreira não foi ultrapassada. Foi igualada.