quinta-feira, 31 de maio de 2012

Foi de goleada. Mas...

Não faltam elogios para a seleção brasileira depois de vencer os Estados Unidos por 4 a 1. São números contundentes. Mas há que se ver o que está por trás destes números.

Assisti ao jogo pelo Sportv (viva a liberdade de escolha!). Os dois comentaristas (Paulo Cesar Vasconcelos e Juninho Pernambucano) concordaram que o pênalti que gerou o primeiro gol não deveria ter sido marcado. Que o zagueiro Onyewu fez um movimento para se proteger. No momento da jogada até eu pedi pênalti, mas ao ver o replay tive que concordar com os dois.

No terceiro gol, Neymar faz uma jogada de ultrapassagem e ali acontece um impedimento muito fino, daqueles que é difícil de ver. Neymar deu um inteligente passe para trás, encontrando Marcelo desmarcado e em excelente posição para chutar.

O gol de Alexandre Pato também deu discussão. Mas, neste caso, a posição é legal: mesma linha. Digo isso depois de ter visto, revisto e calculado posição (porque com o ângulo das linhas não se pode simplesmente traçar uma paralela).

Quatro gols. Dois deles viciados. Isso contra um adversário que, sejamos sinceros, não tem cabimento. O time americano é um grupo esforçado e disciplinado - mas só isso, porque o tanto de bolas bobas que eles erraram mostra o quanto alguns deles são ruins. Só que dá pra ver ali o trabalho de um treinador. Diferentemente do time brasileiro, que depende unicamente de individualidades e do "subsídio divino" (vulgo "inspiração").

Ok, admitamos que o gol dos Estados Unidos (jogada bem trabalhada) também é viciado (houve uma falta quando eles roubam a bola). Temos então um 2 a 0. Pouco para o Brasil, normal para o padrão Mano Menezes. Poderíamos falar das três defesas muito difíceis feitas pelo goleiro Rafael, além de uma bola na trave - mas o goleiro está aí pra isso mesmo. Essa é a função dele. Do outro lado o Howard fez pelo menos duas defesas difíceis também. De qualquer forma, continuamos vulneráveis. Porque isso aconteceu contra um time ruim. Se fosse um time sério do outro lado...

Desde a última Copa, esta é a segunda goleada do Brasil, apesar de ter jogado contra potências como o Irã, a Romênia, a Venezuela (!!!), a Costa Rica, o Gabão e a Bósnia. Somente o Equador (4 a 2) havia sido goleado pelo Brasil na "(já) era Mano Menezes" - e ainda assim porque eles não podiam ficar na defensiva, precisavam vencer para tentar escapar de uma eliminação na Copa América.

É pouco. Com Mano Menezes, não há futuro numa Copa do Mundo.

Se não ele, quem então? - pode perguntar o leitor. Opino: Muricy. Ele tinha sido escolhido em 2010, mas preferiu respeitar o contrato vigente com o Fluminense. Depois foi para o Santos, ganhou uma Libertadores e pode ganhar de novo este ano. Aí vai ser difícil segurar a pressão - especialmente se o Mano falhar na busca pelo ouro olímpico.

Galvão Bueno

Sim, tive que ver o Galvão Bueno quando fui rever os gols no youtube. Por que diabos o cara grita "olha o gol" três vezes depois que todos nós... já vimos o gol? Até ele dar o grito de gol, o artilheiro já teve tempo de ir pra galera e dar tchauzinho para a mãe.

Terra

No portal Terra a manchete era sobre a primeira goleada da seleção. Tudo bem, isso é uma discussão conceitual: tem gente que considera 3 a 0 goleada (eu não). Tem gente que considera 4 a 2 como goleada (eu sim). Para eles nada disso é. Questão de opinião.

Mas o que eu queria compartilhar com o leitor é esta pérola: "Antes, o Brasil tinha como resultado mais elástico o 3 a 0 aplicado contra o Irã em 2010. Já a barreira de quatro gols só havia sido ultrapassada uma única vez, na vitória por 4 a 2 diante do Equador na Copa América, disputada na Argentina". Não é nada disso. A barreira não foi ultrapassada. Foi igualada.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Aeroportos

Sexta-feira, 20 horas. Eu estava indo buscar o Farley no aeroporto. Nunca chego no horário do pouso, porque sempre levo em conta que o passageiro tem que descer do avião, ir para a área de desembarque, retirar sua bagagem na esteira... e isso nunca leva menos de 15 minutos. Mas havia algo que não estava nos meus planos.

- Beleza, cara?
- Fala, negão! Tudo certo?
- Cara, estou preso num congestionamento no final do Eixão sul. Tudo parado no rumo do aeroporto.
- Não se preocupe. Já faz mais de 20 minutos que nós pousamos e ainda estamos presos dentro do avião.

A hora de pico da cidade já havia passado. Mas no aeroporto o horário era de movimento total (nas sextas-feiras muita gente deixa Brasília). Isso era o mais dificil de digerir: não era nenhum feriado. Era uma sexta-feira normal. Por isso mesmo, fiquei surpreso com o trânsito parado. A seis quilômetros de distância (que seriam percorridos em não menos de 40 minutos), meu amigo estava dentro de um avião à espera de que fosse liberado um portão para desembarque (em Brasília são 13, sem contar os "embarques remotos" - quando você sobe num ônibus e ele te leva até a aeronave que está parada em algum lugar).

- E essa gente ainda tem a cara de pau de falar em Copa do Mundo - foi o que falei antes de desligar o telefone.

A Copa do Mundo exige investimentos em infraestrutura. Sem evento algum, Brasília já tem um aeroporto a ponto de entrar em colapso, com um trajeto de uma hora em horário de pico (isso numa via sem qualquer semáforo). Já existe há muito tempo um projeto para aumentar os portões de 13 para 65 - mas nunca saiu do papel e nem vai sair. E ainda nem falamos da rede hoteleira, que já tem um alto nível de ocupação (especialmente de segunda a quarta-feira, período de maior movimento na política).

Mas nós, brasileiros, somos práticos. Gênios do menor esforço. A solução apontada pelo governo para evitar o colapso durante a Copa do Mundo foi simples e criativa: decretar feriado em cada cidade nos dias de jogos. Resolveremos este problema, seremos aprovados (embora sem louvor), salvaremos nossa imagem, etc.

Mas ainda existirá vida no país depois da Copa do Mundo. A demanda nos aeroportos continuará crescendo. O governo, alegremente, dirá que o caos é resultado da expansão da classe C. E, ao desviar o foco, esconderá sua completa incapacidade de planejamento.

E decretar feriados não vai mais adiantar.

domingo, 27 de maio de 2012

Estrada das Flores

Andei na estrada das Flores
Que é a mais linda que existe
Porém lá não tive amores
E a jornada se fez triste.

Eu caminhei nesta estrada
Não tendo mais ilusão
Minha alma desesperada
Gritava na solidão.

Um dia, sem esperar
No caminho eu te encontrei
Perdido no teu olhar
Desde o princípio eu te amei.

Quando juntos caminhamos
Os dias são mais bonitos
Mais flores nós avistamos
Pelos vales infinitos.

Andei na estrada florida
Mais linda do que se diz
A minha uni à tua vida
E a jornada foi feliz.


(Escrevi este poema em 2001 e recitei-o por ocasião do meu casamento em 10 de setembro de 2006)

terça-feira, 22 de maio de 2012

Singular de churros e plural de fez

Churro é um negócio tão bom, mas tão bom... que certos repórteres nunca imaginam no singular. Só escrevem no plural. A pérola abaixo foi extraída do site G1.


Resultado: concordância de fez.

(Nota: muita gente acha que não existe, mas "fez" é o singular disso aí que vc está pensando)

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Carrossel

Assisti Carrossel duas vezes. A primeira foi em 1991, quando o SBT exibia às 8:15 da noite. A segunda foi em 1993, e se bem me lembro o horário era 4 da tarde. Assim, é claro que a novela mexicana foi uma das referências da minha infância (juntamente com outros personagens mexicanos hehehehe).


Hoje o SBT começou a transmitir um remake (aliás, o negócio deu entre 11 e 12 pontos de audiência, alcançando o segundo lugar) e eu tive a curiosidade de assistir juntamente com minha esposa. Em algumas coisas eles foram muito felizes. Em outras não.

A professora Helena era um anjo (ainda mais com aquela roupa branca), por isso não esperei que a Rosanne Mulholland fosse ser igual. Mas gostei da atuação dela, tem tudo pra dar certo. Rolei de rir com o Cirilo, ficou igualzinho o original. E gostei também do Firmino, mesmo não sendo tão parecido com o que vi quando era criança. Igual sensação me causou o Adriano, ri muito quando ele aparece dormindo na hora da chamada.

A Maísa no papel de Valéria me pareceu meio nada a ver. Aliás, acho que a Carmen do remake se parece mais com a Valéria original. E a diretora, hein? Fisicamente ficou bem caracterizada, mas dá pra notar que a atriz não leva muito jeito pra fazer papel de mulher severa. Apesar de pregar severidade, sempre dava pra notar um sorriso no rosto dela. Jaime e Laura também não me agradaram muito. Parece que escolheram apenas dois gordinhos, não teve tanta semelhança com o original. E outra coisa nada a ver foi arrumar uma Maria Joaquina que não é loira. E o pai do Jaime também deixa a desejar. O cenário, moderno, em alguns casos me causa estranhamento, mas é questão de acostumar.

Bom, isso são apenas observações de alguém que não é nenhum expert no assunto, mas curtiu muito isso na infância. Não sei se vou ter muita paciência pra assistir (talvez sim, porque de alguma forma acabo "revivendo" o original). Legal seria se pudesse comprar um box com todos os episódios do original...

Eu disse original? Na verdade a versão mexicana foi apenas a terceira. A primeira, "Jacinta Pichimahuida" (seja lá o que isso signifique), foi exibida em 1966 na Argentina. A segunda versão, do mesmo país, é de 1983: "Señorita Maestra".

domingo, 20 de maio de 2012

Chelsea, campeão europeu

O Chelsea é o novo campeão europeu depois de superar o Bayern nos pênaltis. Os azuis conquistaram o título pela primeira vez, depois de quase chegarem lá em 2008.

Injustiça, dirão alguns. Afinal, quem buscou mais, quem chegou mais, quem arriscou mais foi o Bayern. Só que nada disso adianta se você não fizer o gol. E nas finalizações, francamente, o Robben estava pouco inspirado, o Mario Gomez nem se fala, e se você não souber fazer o gol, não adianta vir com essa história de merecer ganhar. Porque gols não se merecem, se fazem.

Terá sido um golpe de sorte do Chelsea? Talvez - mas seria sorte demais para um time só, ainda mais depois do que aconteceu nas semifinais. Quando um time é limitado e tem consciência da sua limitação, pode vencer outros times mais fortes e eventualmente ser campeão. Foi o que aconteceu com o Liverpool em 2005, quando eliminou o próprio Chelsea (que era visto como amplo favorito) e terminou batendo o Milan nos pênaltis.

O Bayern levou 83 minutos para vencer a resistência do Chelsea - que propôs um jogo defensivo e baseado em contra-ataques. O curioso é que a cabeçada foi em cima do goleiro, mas Cech se atrapalhou e os alemães ficaram em vantagem.

O Chelsea tinha, a partir daí, sete minutos para resolver a parada. Não podia errar. E foi num escanteio que Didier Drogba desviou de cabeça, também em cima do goleiro. E foi assim que conseguiram um improvável empate (aliás... improvável mesmo era ter eliminado o Barcelona jogando da mesma forma: fechadinho na defesa, à base de contra-ataque e bola parada).

Na prorrogação continuou dando Bayern. Drogba derrubou Ribéry na área e o juiz marcou pênalti. Na cobrança de Robben, brilhou o goleiro Cech. Como ninguém marcou na prorrogação, o jogo foi decidido nos pênaltis. (Nota: uma decepção este Robben. É bom jogador, mas sempre foi muito inflado pela imprensa. Sua capacidade sempre foi sobrevalorizada)

Lahm cobrou primeiro e fez o gol, o espanhol Mata parou no goleiro Neuer, Mario Gomez finalmente conseguiu balançar as redes, David Luiz fez o primeiro do Chelsea, Neuer cobrou o terceiro e marcou, Lampard também marcou, Olic cobrou no canto para defesa de Cech, Ashley Cole empatou, Schweinsteiger parou no goleiro e na trave e Drogba fechou a série marcando o gol da vitória.

Grande atuação do goleiro

O goleiro Petr Cech pulou no canto certo em todos os pênaltis. Defendeu a cobrança de Robben ainda no tempo normal, chegou a tocar na cobrança de Lahm, defendeu a cobrança de Olic e desviou o chute de Schweinsteiger, que acabou ainda batendo na trave.

Canhotos

Um mistério: por que será que o índice de aproveitamento de pênaltis de jogadores canhotos é menor que o dos destros? O que aconteceu hoje foi apenas mais uma demonstração de algo que já venho observando há tempos. Robben perdeu o seu durante a prorrogação e o mesmo aconteceu com Mata e Olic na decisão por pênaltis. Apenas Ashley Cole cobrou para o fundo das redes.

Ingleses não vencem finais

Uma estatística foi muito destacada pela imprensa: desde 2005, quase sempre houve um clube inglês na final da Champions League (a exceção foi 2010, Internazionale vs Bayern). Neste período os ingleses foram campeões por três vezes, mas com uma curiosidade: eles não venceram suas finais. As conquistas aconteceram sempre nos pênaltis. Foi assim que o Liverpool superou o Milan en 2005 (diga-se bem, o Milan teve tudo pra vencer, assim como o Bayern ontem). Foi assim também em 2008 quando Chelsea e Manchester United empataram e decidiram nos pênaltis (só pra lembrar: Cristiano Ronaldo perdeu o seu, e se não fosse pelo escorregão de John Terry, teria sido o vilão de uma derrota). E foi assim ontem.

No mais, o Arsenal perdeu para o Barcelona em 2006 (2 a 1); o Milan bateu o Liverpool em 2007 (2 a 1) com grande atuação de Kaká; o Barcelona do jogo coletivo venceu o Manchester United e o individualismo de Cristiano Ronaldo em 2009 por 2 a 0 (com direito a um belo gol de cabeça de Messi, que subiu todo desajeitado); e dois anos depois a final se repetiu, desta vez com o placar de 3 a 1 a favor dos espanhóis catalães.

Final em casa

A Champions League é definida em apenas uma partida. É um negócio muito cretino que esta partida seja no campo de um dos clubes. O local foi definido com muita antecedência e aí aconteceu isso. O Bayern jogou em casa. Já havia acontecido antes (oito vezes) de um clube definir a final em seu próprio país (2011, 1997, 1986, 1984, 1978, 1972, 1965, 1957) . E em três destas ocasiões, jogou a final em seu próprio estádio (Real Madrid 2 - Fiorentina 0 em 1957 no Bernabeu, Inter 1 - Benfica 0 em 1965, no San Siro, e Liverpool 1 - Roma 1 em 1984, no Estádio Olímpico de Roma). Foram duas vitórias do time da casa e uma derrota nos pênaltis - duas com a de ontem.

Aliás, pergunto: faltam bons estádios na Europa? A final da 2013 está marcada para o novo Wembley - e já tivemos uma final ali em 2011.

Final em casa 2

Essa vantagem cretina de jogar a final em casa acontece também em outros torneios, como a Copa do Rei. Numa final bastante recordada, o Real Madrid jogou contra o Deportivo La Coruña no Santiago Bernabeu e no dia do centenário merengue. Mas ainda assim perdeu.

Final em casa3

Discuti durante a semana com o amigo Thiago Arantes, da ESPN, sobre como seria legal disputar a final da Copa do Brasil em jogo único. Seria uma bela forma de aproveitar alguns dos estádios deixados pela Copa do Mundo (ou prestigiar cidades apaixonadas por futebol como Belém). Eu gosto da ideia, desde que não fique gerando essas vantagens cretinas, tipo jogar final do Flamengo no Maracanã.

Demite o treinador!

Tá certo que o cargo de treinador do Chelsea não tem lá muita estabilidade, mas esta é a segunda vez que o time londrino chega numa final de Champions League depois de demitir um treinador. Em 2008 quem levou o time à final foi o israelense Avram Grant, depois da demissão de José Mourinho. Desta vez foi Roberto di Matteo quem assumiu o time como interino após a demissão de André Villas-Boas (curiosamente, foi assistente de José Mourinho, que passou pela mesma situação anos antes).

Quando Villas-Boas foi demitido, o Chelsea havia perdido do Napoli (3 a 1) e precisava reverter o resultado para alcançar as quartas-de-final da Champions League. Não só conseguiu superar os italianos (4 a 1) como foi até o título da Champions, além de ganhar a Copa da Liga inglesa (sobre o Liverpool).

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Ele é ela? Ela é ele?

Chamadinha no site do Terra:


É isso. Se o de bigode é o Sean Penn, então o (a) de gravata é... a ex-namorada?

Boa, Terra!

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Maldonado e a vitória na segunda temporada

A vitória do venezuelano Pastor Maldonado no GP da Espanha surpreendeu o mundo da Fórmula 1. A cotação na bolsa de apostas era de 300 para 1. Ele está apenas em sua segunda temporada e venceu por uma equipe que enfrentava um jejum de mais de sete anos.O que me levou ao exercício de pensar em quem se encontrou na mesma situação na F1.

O primeiro nome que vem à mente é o de Fernando Alonso. Sua primeira temporada foi a de 2001, pela Minardi. Evidentemente não podia fazer milagre com aquele carro. Voltou em 2003 como titular da Renault. Naquele ano venceu o GP da Hungria, colocando uma volta em cima de um tal Michael Schumacher. A equipe não vencia desde 1997, quando ainda era Benetton. Seis anos de jejum, portanto.

Em seguida, Ayrton Senna. Estreou na Fórmula 1 em 1984 e obteve sua primeira vitória em 1985, no GP de Portugal, no dia em que morreu Tancredo Neves. Sua equipe, a Lotus, só havia vencido uma vez desde 1978, ano do último título: foi em 1982, com Elio de Angelis.

Claro, o caso mais extraordinário é o do alemão Sebastian Vettel. Sua estreia ocorreu no ano de 2007, pela equipe BMW, ao substituir o acidentado Robert Kubica. E já o fez na zona de pontuação, com um oitavo lugar. Na mesma temporada pilotou pela Scuderia Toro Rosso, tendo como grande resultado um quarto lugar no GP da China (GP lembrado pelo erro bizarro de Lewis Hamilton antes de entrar nos boxes). No ano seguinte obteve sua primeira vitória em Monza, num GP chuvoso. E por que considero o caso dele como o mais extraordinário? Porque a Toro Rosso nunca havia vencido antes. Nem venceu depois. (Mais do que isso: antes a equipe era a Minardi, a tartaruga da F1)

Só até aqui já falamos de três pilotos fantásticos e sete títulos mundiais, e ficamos apenas com a F1 recente (tá bom, Senna não é tão recente assim). Voltando um pouco mais no tempo, encontramos Michele Alboreto vencendo pela Tyrrell em sua segunda temporada (1982), no GP de Las Vegas (o último do ano). A equipe passava por um jejum de quatro anos, desde a vitória de Patrick Depailler em 1978.

Como não poderíamos deixar de ter um exemplo bizarro, houve um piloto italiano que, em sua segunda temporada, encerrou um jejum de 5 anos sem vitórias da Ferrari. Estamos falando de Vittorio Brambilla, "o Gorila de Monza". Os treinos para o GP da Áustria de 1975 já haviam sido marcados pelo grave acidente de Mark Donohue (que viria a falecer dois dias depois da corrida). Choveu muito durante a prova, que foi interrompida após 29 voltas. A forma como o cara recebeu a bandeirada você vê a partir do minuto 0:57.

Outros pilotos que venceram na segunda temporada

Há outros pilotos que obtiveram sua primeira vitória na segunda temporada, mas que não contamos nesta comparação porque a equipe pela qual correram não enfrentava um longo jejum. É o caso, por exemplo, de Alain prost, que venceu em seu segundo ano, 1981, pela Renault; de Damon Hill, cuja segunda temporada (1993) ocorreu na campeã Williams; na mesma situação e equipe esteve David Coulthard (1995); Gilles Villeneuve, em seu segundo ano (1978), venceu pela Ferrari; Heikki Kovalainen venceu um GP com a McLaren em 2008. Isso sem falar no heptacampeão Michael Schumacher, que chegou ao degrau mais alto do pódio com a Benetton já em 1992, mas Nelson Piquet havia vencido com a mesma equipe em 1990 e 1991.

Peter Gethin teve em 1971, pela BRM, sua única vitória - famosa porque os cinco primeiros colocados chegaram no mesmo segundo. No mesmo ano, François Cevert venceu pela Tyrrell, que foi campeã com Stewart.

Um caso mais dramático é o do sueco Gunnar Nilsson, que venceu pela Lotus em sua segunda temporada (1977), mas após aquele ano interrompeu a carreira para tratar um câncer - que acabou por tirar-lhe a vida no ano seguinte.

Já na F1 mais antiga encontramos o neozelandês Bruce McLaren vencendo em sua segunda temporada pela Cooper (1959); Mike Hawthorn (1953) e Jacky Ickx (1968) pela Ferrari; Tony Brooks vencendo com uma Vanwall (vitória compartilhada com Stirling Moss) em 1957, quarto ano da equipe; e Froylan González pela Ferrari (1951) - mas, neste momento, a F1 também estava em sua segunda temporada.

Vitórias na primeira temporada

Há também alguns pilotos que venceram em sua primeira temporada, mas o fizeram por equipes grandes e que não enfrentavam um jejum. É o caso de Lewis Hamilton pela McLaren (2007), Emerson Fittipaldi pela Lotus (1970), Jacques Villeneuve (1996) e Juan Pablo Montoya (2001) pela Williams. Na F1 mais antiga encontramos Jackie Stewart vencendo pela BRM (1965) e Clay Regazzoni na Ferrari (1970).E o caso mais fantástico foi o de Giancarlo Baghetti: a bordo de uma Ferrari 156 F1 (mesmo modelo usado por Phil Hill, mas em uma equipe privada), venceu o GP da França em sua corrida de estreia.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Como em 1963?

Em 1962 o Santos conquistou sua primeira Copa Libertadores depois de bater o Peñarol. Voltou a ser campeão no ano seguinte, 1963, quando Pelé & cia superaram o Boca Juniors.

Em 2011 o Santos voltou a vencer uma Libertadores, quebrando um jejum de 48 anos. O adversário foi o impresentável time do Peñarol, provavelmente o único finalista da história do torneio a chegar lá com saldo de gols negativo (-3). Coincidentemente, o mesmo rival de 1962, quando o clube praiano obteve seu primeiro título continental.

Neste ano o Santos tem pinta de favorito novamente. Se passar pelo Vélez nas quartas-de-final, enfrentará o vencedor de Universidad de Chile vs Libertad - ou, se a tabela precisar ser modificada para evitar uma final de dois clubes do mesmo país, enfrentará um clube brasileiro na semifinal.

E na final? Meu palpite é que a história se repetirá e o Santos, depois de ganhar do Peñarol no ano passado (como em 1962), enfrentará neste ano o Boca Juniors (como em 1963). Seria uma coincidência danada. E desde 2003 os santistas têm o Boca engasgado. E sabe o que mais? Poderão ter uma revanche contra o maior ícone daquele time: Juan Román Riquelme.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Alemães e italianos

Muitos de vocês já conhecem as animações do Bruno Bozzetto (especialmente uma sobre as diferenças entre italianos e europeus e outra sobre diferenças entre homens e mulheres). Neste momento estou escrevendo uma carta para um amigo alemão que esteve recentemente na Itália e imediatamente lembrei-me do que vai aí abaixo.

domingo, 13 de maio de 2012

Dia das Mães



Clip retirado do youtube com a música Mama, cantada por Il Divo. Feliz Dia das Mães!

quinta-feira, 10 de maio de 2012

O dia que gritei gol na torcida adversária

Esta é uma história sobre o dia em que gritei gol na torcida adversária. Foi publicada em 2010 no site decano.com.Tudo começou num sábado com o Sérgio: "E aí, Mano, vai ver o jogo?", perguntou. Impensável: meu orçamento já tinha ido pro saco e o mês ainda tinha uma semana. Mas fiquei com muita vontade. Nunca tinha visto o Nacional num estádio e, entre os grandes centros futebolísticos do país, nenhum fica mais perto de Brasília do que Belo Horizonte.

No domingo fui ver as passagens. Não, não dava. Mas meu aniversário havia sido poucos dias antes e meus pais resolveram dar este presente. Na segunda-feira, o ingresso. O site do Cruzeiro dizia que a venda terminaria quatro horas antes do jogo. Não dava tempo, eu chegaria mais tarde. Entrei em contato com alguns amigos uruguaios e eles me conseguiram uma entrada de cortesia, proporcionada pela diretoria do Nacional.Na terça-feira, fiz a reserva no hotel Ouro Minas - o mesmo em que o time ficaria. E na quarta-feira, as últimas decisões: ir do aeroporto diretamente ao estádio, levar uma mochila com roupas e uma bandeira do Nacional.

E chegou a quinta-feira. No escritório, pus a bandeira sobre a mesa. Eu era todo alegria. Do trabalho fui direto para o aeroporto e lá peguei um táxi direto para o estádio. Quando cheguei lá, ainda eram vendidos ingressos. Foi uma falta de experiência da minha parte. Mas o contato já havia sido feito (e intermediado por meu bom amigo Diego). Com um telefonema, veio um integrante da comitiva bolsilluda até o portão, me fez entrar e me levou até o vice-presidente do clube, Héctor Olmos. Fui alegremente cumprimentado, mas estava tímido. Fiquei junto deles por algum tempo e fomos até a porta do vestiário.

Eles me disseram para ir até a arquibancada, que depois iriam também. Fui, escolhi um lugar e sentei - e depois não nos vimos mais. O lugar era uma espécie de área VIP e só tinha cruzeirense pra todo lado (e como tinha menina bonita!). Vi onde estava posicionada a torcida do Nacional e tirei uma foto do melhor ângulo que foi possível (ainda assim, um ângulo ruim).

O estádio era bastante bom, tinha um belo placar e dois telões. Cadeiras ou assentos em quase todos os lados. Legal ver que os torcedores do Cruzeiro e do Atlético tinham maturidade pra conservar aquilo tudo em bom estado.

Montei uma câmera com tripé e tirei minha bandeira da mochila, ainda tímido. Não demorou para que algumas pessoas cumprimentassem e começássemos a conversar. Eu iria tirar a foto na hora que o time posasse para isso, mas perdi o momento porque estava contando ao pessoal a meu lado sobre as façanhas de um volante que, no chão, tinha coragem de disputar bolas divididas com a cabeça (e ganhava). Era Raúl Ferro, um bate-estacas que jogava com a camisa 13.

Um erro defensivo permitiu o primeiro gol do Cruzeiro. O estádio festejou. Um minuto depois comecei a agitar minha bandeira, como se não houvesse ali ninguém além de mim. Só que a minha torcida não ajudou muito, porque o primeiro tempo acabou 3 a 0.

Recebo um SMS da minha esposa: "Não fique triste meu doce. Te amo". Incrível! Ela estava vendo o jogo - o que não é comum - e ainda por cima pela internet! E suportando pacientemente as inúmeras quedas que alguns canais possuem. "Tranquilo, meu doce. Um resultado assim é quase a eliminação. Mas estou feliz por estar aqui", foi o que respondi para a Beta.

Alguns torcedores passavam por mim e falavam comigo, soltavam alguma gozação, e se alguém ria, eu ria de volta. Muita gente me tratou com respeito (o que foi uma surpresa, porque em volta de mim tinha gente que a cada dois minutos xingava a mãe de alguém) e eu retribuí com igual respeito.

Segundo tempo. Grande contra-ataque do Nacional, Diego Vera cara a cara com o goleiro... Fábio defendeu. Isso não é gol que se perca! 

Mas um minuto depois (no campo me pareceu uma eternidade) veio o gol do Nacional, marcado por Mario Regueiro. Fiquei de pé, vibrei, agitei a bandeira, dei um grito de goooooool! E ao redor, silêncio total. E sentei-me. Havia gritado gol no meio da torcida adversária. Nenhuma provocação da minha parte, nenhum desrespeito do outro lado. Como é bom torcer pacificamente, mesmo que por times diferentes. Por SMS minha esposa me mandou um "Viva!". Do meu lado, um sujeito contava aos amigos uma história de quando ele esteve numa situação idêntica num estádio em Sete Lagoas. E apontando para mim, disse: "Eu fiz igual esse cara, resolvi torcer e comemorar".

O jogo fica morno, a torcida do Cruzeiro perde a paciência e inclusive escuto alguém atrás dizendo "essa torcida não canta nem fodendo fornicando". Antes do fim, vários já estavam indo embora (e com o time ganhando!). Alguns me cumprimentam e um deles ainda falou "boa sorte no jogo de volta" (e na volta o Nacional perdeu de 3 a 0).
"Perdemos. Mas a felicidade é minha e eles é que estão furiosos", escrevo para minha esposa e também para o Diego. No Uruguai, vários amigos torcedores do Peñarol pegavam no pé dele por causa da derrota, mas a coisa mudou de figura quando ele recebeu minha mensagem. Em seguida, subi até as cabines de rádio para encontrar o pessoal da rádio uruguaia. (Nota: somente no Uruguai um programa chamado Pasión Tricolor vai ao ar por uma rádio chamada Imparcial) Encontrei o locutor Javier Moreira, que me colocou no ar e ainda me fez participar da votação de melhor jogador do Nacional naquela noite.

Fui para o hotel, tomei meu banho e fui receber os jogadores. "Vamo adelante", eu dizia. Eles estavam abatidos. Alguns pareciam querer que a terra se abrisse para desaparecerem. Cheguei a por a mão no ombro de alguns deles. Pedi uma entrevista ao treinador Eduardo Acevedo, ele concorda mas antes tem que atender ao "Toto" da Silveira, um dos mais famosos jornalistas esportivos uruguaios. Terminou, levantou, já estava indo embora quando me viu e voltou. Apesar do cansaço, da tristeza pela derrota e da hora avançada, ele me atendeu com muita amabilidade.

Ao terminar a entrevista, um rapaz se aproximou de mim. "Você é o Manoel que escreve no decano.com? Prazer, eu sou o Nino". Grande amigo. Conversamos sobre um montão de coisas até as quatro e pouco da manhã, quando chegou sua hora de ir para o aeroporto. Aos poucos foi se formando uma roda de conversa. Para cada um que chegava, ele perguntava: "Você lê o decano.com? Este é o Manoel".

Sozinho, às 4:40, eu estava no quarto tomando um guaraná, pensando em tomar o café da manhã às 5 e ir para o aeroporto logo. E às 5 eu estava dormindo. O corpo me cobrava pelos exageros de uma noite muito bem aproveitada. Perdi o voo, que partiria às 7. Recebo um SMS da Beta: "Não perca a alegria desta noite. Todas as coisas cooperam para o bem dos que amam a Deus".

E esta era a ideia. Guardar a alegria desta noite, com tudo o que vivi em cada trecho da viagem, com os dirigentes, no estádio, no hotel, na rádio, junto dos dirigentes, dos torcedores. Isso é o Nacional. E sabe de uma coisa? Acho que a Beta também sente...

terça-feira, 8 de maio de 2012

Demitiram a Dilma?

Olha só que beleza esta pérola:

Apesar de ter trabalhado como jornalista antes de seguir na carreira política, o dirigente do Partido dos Trabalhadores não poupou críticas à imprensa e disse que os grandes veículos de comunicação do País atuam em perseguição contínua ao PT desde que Lula assumiu a Presidência da República, em 2012. (Grifo nosso)

Demitiram a Dilma e ninguém ficou sabendo? Lula voltou à presidência? Nada disso. O leitor certamente dirá que este foi um errinho bobo de digitação, que o autor queria escrever 2002. E continuaria errado. Lula foi eleito em 2002, mas somente assumiu a presidência em 1º de janeiro de 2003.

E o pior é que uma desgraça dessas saiu num site chamado Comunique-se.

domingo, 6 de maio de 2012

O filósofo tinha razão...

Já que coloquei um "momento Chapolin" no post anterior, vou colocar um "momento Chaves" neste...


O professor Girafales havia deixado o Kiko e a Chiquinha de castigo porque se comportaram mal. Então ele mesmo trouxe as crianças à vila para conversar com os pais. Neste contexto, lá pelo minuto 5:39, acontece o seguinte diálogo entre o professor e o Seu Madruga:

PG: O que me preocupa são as crianças, porque elas são o futuro da pátria... a esperança...
SM: Espera espera espera espera... espera um pouquinho... me diga, professor... o futuro da pátria é o Chaves, a Chiquinha, o Kiko?
PG: Claro que sim.
SM: Estou vendo que a nossa seleção vai perder outra vez.
PG: Não senhor! Isso não é o futuro da pátria. A pátria não necessita de futebolistas.
SM: Isso é o que eu digo! O que necessitamos é de treinador!

Não sei de quando é o vídeo - mas ator Ramón Valdez morreu há 23 anos. Bom, vamos à notícia.

O tradicional Chivas de Guadalajara contratou como treinador o canadense John Van't Schip (ele jogou pela seleção da Holanda e estava no time campeão europeu de 1988). Em sua apresentação, ele cometeu uma gafe que pegou muito mal: disse que estava vindo "ao maior clube da América do Sul". Olha, tudo bem que debaixo do Canadá existe um bocadinho de sul... mas daí a migrar o México para o outro hemisfério, o cara pisou na bola, né?

E cá pra nós... se o Chivas contratou um treinador canadense, é sinal de que o grande filósofo Seu Madruga, tanto tempo depois, continua tendo razão...

P.S.: É só um pouco de humor. Van't Schip certamente tem uma experiência valiosa, especialmente como auxiliar técnico da seleção da Holanda. Mas é natural duvidar, até porque ele está vindo do poderoso e prestigiado Melbourne Heart - muito prazer.

P.S.2: A gafe faz lembrar de quando um atacante panamenho, José Luis "el pistolero" Garcés (ex Grêmio) chegou ao meu Nacional em 2006. Sua primeira entrevista começou com uma pergunta sobre o que ele achou do país - e ele teve que perguntar em que país estava. Em seguida, uma pergunta sobre o time - e ele não sabia a que time estava chegando! O cara não era tão ruim, mas não se encaixou no jogo do time e a última notícia que tive do "pistolero" é que ele estava... em cana.

Supostos suspeitos geram suspeitas sobre suposto jornalismo


Cena do seriado Chapolin. A personagem de Florinda Meza está numa casa velha, toda em mau estado. No papel de proprietário, Carlos Villagran (o Kiko) aparece para cobrar o aluguel. A partir do minuto 2:56 acontece o seguinte diálogo:

FM: Ah, é você.
CV: Sim, sou eu.
FM: (Olhando com raiva para a câmera) Sim, é ele.
CV: Suponho que não esteja sendo importuno.
FM: Supõe mal. Porque suponho que veio para cobrar o aluguel.
CV: Supõe bem. Suponho que já tenha o dinheiro.
FM: Supõe mal. E tem mais: nós nem estamos pensando em pagar o aluguel.
CV: Suponho que tenham um bom motivo.
FM: Supõe bem. E suponho que você já o tenha suposto.
CV: Supõe mal.
FM: Mas que cínico você é!
CV: Supõe bem.

Coloquei esta cena só pra falar de uma praga do jornalismo, que é o chamado jornalismo supositivo - ou, como prefiro dizer, jornalismo supositório. Não há apuração dos fatos. Há supostos fatos. E suspeitos, muitos suspeitos - contra toda a lógica.

Ocorre que eu estava lendo as notícias num grande portal quando encontrei o seguinte título: "SP: suspeito morre baleado em tentativa de assalto na Oscar Freire". Suspeito? Vamos lá. A matéria diz que o suspeito morreu baleado por um policial à paisana após tentar assaltar um pedestre. O segundo parágrafo informa que o criminoso (ufa! Alguém chamou as coisas pelo nome! Ainda há salvação) teria abordado a vítima (abordou ou não? Assaltou sem abordar?) numa banca de jornal. O policial percebeu a ação e deu voz de prisão ao suspeito (o bandido foi pego em flagrante. Como é que ele segue sendo um mero suspeito?). Aí o cara sacou uma arma falsa e o policial atirou.

Ok, a explicação é o medo de supostos processos que o jornal pode enfrentar. Mas como explicar esta delícia de manchete divulgada pela agência EFE? "Polícia detona suposto explosivo em consulado venezuelano no Rio". Deu vontade de xingar um negócio muito feio que pariu. Porque o "suposto explosivo"... explodiu! E quem é que iria meter um processo no jornal neste caso? O leitor de notícia de má qualidade.

Olha este outro exemplo: “Estudante que teria xingado índios pelo Facebook pede desculpas; MPF vai investigar suposto racismo”. Não é uma beleza? A manchete não nos permite saber nem se houve ou não o insulto, pelo qual se pede desculpas (a lógica diz que sim... do contrário, não seria preciso pedir desculpas, certo?). É preciso ler a matéria pra encontrar a informação: Após a apresentação, uma internauta, moradora de Dourados, segunda maior cidade do Estado, disse, via Facebook, que o grupo era “lixo e fedorento”. Houve insulto. Como é que "teria xingado"?

Caso recente: "Vazam na internet supostas fotos íntimas de Carolina Dieckmann". Não vou discutir agora o que vem a ser uma suposta foto - a suposta em questão era a retratada e não a foto. O valor notícia está no nome da pessoa, mas não se sabia se as fotos eram dela ou não (agora já se sabe que são). Isso não impediu que a matéria dissesse que as fotos eram dela sim, apesar do supositório "supostas" no título.

Mais um caso: três sem terra foram mortos com tiros na cabeça (a matéria dizia que foi com um tiro - deve ser uma arma poderosa que com um tiro mata três). Uma criança sobreviveu. Não se sabe o sexo - a matéria diz "a garoto". E em seguida vem a seguinte preciosidade: "A polícia agora apura se a criança conseguiu se esconder atrás de um dos bancos ou se os suspeitos de cometerem o crime a pouparam". É isso aí. O que falta elucidar é se esta pessoa que matou três, mas que não é assassino e sim suspeito, viu ou não a criança que sobreviveu a esta tragédia.

Suspeito? Supõe mal.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Bem observado?

Começo de jogo, jogada mais dura de um jogador do Emelec e o Corinthians reclama do árbitro colombiano que apita o jogo em Guayaquil. Ao analisar a jogada, o narrador da Fox pergunta ao comentarista de arbitragem - o ex-árbitro Carlos Eugênio Simon:

- Era falta pra cartão, Simon? (a TV, depois de mostrar um replay, mostra um corinthiano colocando a bola como para cobrar uma falta)
- O juiz inclusive nem marcou a falta na primeira jogada, marcou na segunda.

O juiz manda cobrar o lateral, enquanto o narrador comenta: "Bem observado, Simon".

Como bem observado? O Simon viu corretamente que o juiz não marcou a falta. Mas errou ao afirmar que Buitrago apitou a falta numa segunda jogada. Não apitou falta nenhuma. Deu apenas lateral. Sinal de que Simon não observou tão bem assim o juiz. Aliás, poderia observar transmitindo a partir do estúdio?

Atualização

É sério! Eu juro que ouvi o dublê de comentarista da Fox Sports dizendo no final do jogo que o importante nesta fase é somar pontos!

Retratos da salvação

Hoje chegou um envelope com cartões postais que eu havia comprado. Um desses lotes chamados universais, que tem cartões de lugares variados (você não escolhe isso). Veio com 51 cartões e me custou R$ 20 mais as despesas de envio. Abri o envelope, comecei a olhá-los, até que me deparei com este:


Certamente o cenário foi modificado com o tempo - mas este interessante jardim é o Getsêmani. Foi ali, numa quinta-feira à noite, que Jesus retirou-se para orar. Também foi ali que Judas o traiu com um beijo e o entregou aos soldados. Ali Jesus foi preso. Eu estava impactado por ter nas mãos este cartão postal. Imediatamente comecei a chorar, enquanto vinham à mente vários hinos que falam sobre o sofrimento de Jesus. 

Vindo ao mundo, deixou no céu palácios de marfim;
Glória não quis, em dor morreu, a cruz suportou por mim.

Só isso já era suficiente para me fazer feliz e pensar que paguei barato pelos postais. Mas ainda havia mais uma surpresa para mim enquanto olhava os outros cartões do lote. Não cheguei a chorar de novo, porque já o havia feito um minuto antes. Mas veja a foto abaixo. Consegue visualizar ali um rosto? Melhor dizendo, uma caveira?


É o Calvário! Este é o monte em que Jesus foi crucificado. Morreu para trazer salvação a este mundo e libertar uma raça escravizada pelo mal e pelo pecado. Para que eu e você não tivéssemos que pagar com a morte pelos nossos próprios erros. E, como disse o próprio Jesus em João 3:16, "para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha vida eterna".

Estes retratos da salvação fazem com que eu a veja com cores mais vivas. É "a cor do Calvário", para citar o título de um hino conhecido no meio evangélico. Com o coração feliz, agradeço a Deus por estas duas surpresas e pelo dom da salvação.

Homenagens, discordâncias, partidos e mensalão

Lendo hoje a página do Estadão, encontrei um parágrafo mal escrito numa matéria cujo título é "Câmara de SP tenta dar medalha Anchieta a Fernando Haddad". Eis a pérola:

À frente do projeto que concede a honraria para Haddad, está a proposta de Agnaldo Timóteo (PR) que concede a Medalha Anchieta e o Diploma de Gratidão da Cidade para o apresentador da TV Record, Rodrigo Faro. Caso seja aprovado, as duas homenagens também serão entregues em sessão solene, com realização de coquetel no restaurante que funciona no subsolo do Palácio Anchieta.

Aprovado? No masculino e no singular, junto de "as duas homenagens"? E se for aprovada apenas a homenagem ao Haddad e não a outra, ainda assim as duas serão entregues? (Estou achando que sim, já que "aprovado" está no singular)

Ok, digamos que a palavra não tenha que concordar com as duas homenagens. Então vai concordar com o quê? Com "as propostas"? De novo discordo em gênero e número (e discordo também em grau se alguém disser "aprovadíssimos" hehehehe).

Só agora à noite é que fui entender que "aprovado" se refere ao projeto que tem à frente outra proposta. Tem sua lógica, mas não deixa de estar mal escrito.

Partidos

A matéria trata sobre este tipo de homenagem e termina com um parágrafo que também merece destaque:

Os vereador que mais apresentou projeto de homenagens este ano foi Floriano Pesaro, com cinco, seguido por Eliseu Gabriel (PSB) e José Police Neto (PSD), com quatro cada.

"Os vereador" me faz (ou me fazem?) discordar em número de novo. Mas isso é coisa pequena. Se você, além de pagar a conta, também acha que essas homenagens cerimoniosas são inúteis e desnecessárias, a menção ao deputado que mais apresentou estes projetos (cacete, outra vez tenho que discordar em número do que está no site do Estadão) certamente é algo negativo. São citados Floriano Pesaro, Eliseu Gabriel e José Police Neto - mas exatamente o primeiro deles não teve o partido mencionado. 

Pode parecer uma falha pequena, um lapso ou até um esquecimento, mas soa como se o jornal estivesse "preservando" o partido de uma menção negativa. Fui conferir: o excelentíssimo... não, me nego a chamar de excelente quem apresenta cinco projetos desse tipo parlamentar é do PSDB. Não que eu dê muita bola para teorias conspiratórias, mas é no mínimo estranho que seja justamente um cara do partido cujo pré-candidato (José Serra) foi apoiado pelo Estadão quando concorreu à presidência em 2010. Aí tem.

Cereja do bolo

Só pra encerrar com um toque de humor, quando li a notícia à tarde havia algumas manchetes abaixo com links para outros textos relacionados. Uma delas dizia: "Para Haddad, mensalão não prejudicará sua campanha". Rolei de rir. Todo mundo sabe que mensalão nunca prejudicou campanha nenhuma. Muito pelo contrário: financiou e irrigou várias delas (e não sou eu quem está dizendo, é o João Paulo Cunha que anda falando em "financiamento irregular de campanha").

98 motivos para matar aula

Aqui vão 98 pretextos para matar aula. Mas o leitor certamente terá os seus próprios. E provavelmente melhores.

*       *       *

01- O professor está doente. Se não está, ficara com a minha presença.
02- A crise me corrompeu.
03- Já que a aula é um dever, vamos dever mais uma aula.
04- Segunda que vem eu vou.
05- Esta semana já foi pro brejo.
06- Minha esperança é manter esta ausência consciente.
07- Consideram-me um marginal aos poderes constituídos.
08- Em matérias coletivas, não é necessária a presença.
09- As melhores recordações que tenho da escola são os dias em que matei aula.
10- Sou um incompreendido.
11- Minha mãe não me deixa ir a escola em dias nublados.
12- Se eu fizer esta prova todos vão querer colar de mim.
13- Ou trabalho ou estudo, ainda não decidi.
14- Com a crise dos costumes, matar aula virou obsessão.
15- Quando eu voltar para a escola, todos vão ficar contentes em me ver.
16- Quem não matou aula na vida não teve infância.
17- Minha maior preocupação é não ser aprovado com distinção, sou tímido.
18- Tive um sonho que a III guerra mundial começava hoje.
19- Estou no cio.
20- Até parece que matemática é importante.
21- O Ministro da Economia também matou aula.
22- Sinto uma alergia a uniformes...
23- Alguém pegou gonorréia no banheiro da escola.
24- Se eu aparecer, também serei reprovado.
25- Estou me acostumando a sentir falta da escola.
26- Gosto que todos fiquem na expectativa de eu aparecer.
27- A aula de educação física esgotou minhas possibilidades de bom aproveitamento intelectual.
28- Hoje a idéia mais brilhante que eu poderia ter é matar aula.
29- Ser aluno brilhante pra que?
30- Hoje vou tentar bater o recorde do fliperama.
31- Amanhã farei minha última tentativa de aceitar a escola sem restrições.
32- Estou ocupado redigindo a justificativa de minha falta.
33- Antes só do que mal escolado.
34- Neste momento eu tenho tudo que quero da vida: uma cama quentinha e uma mãe compreensiva.
35- Derrotei o travesseiro, mas perdi para os lençóis.
36- A pedagogia moderna aceita ausências eventuais, mesmo que sejam constantes.
37- Meu corpo não, mas meu espirito estará presente.
38- O dia está lindo...
39- Com uma manha como esta quem pode pensar em escola?
40- Que chuva, não?
41- Estou com distensão na orelha.
42- A dor de cabeça que eu estou...
43- Minha professora não entende nada.
44- Eu não entendo minha professora.
45- Por mais que eu estude, esta matéria não entra.
46- Nunca deixe para depois de amanhã o que pode fazer amanhã.
47- Terça-feira é dia consagrado aos deuses de minha religião.
48- Segunda-feira é um saco.
49- Depois de uma notícia como a de ontem, o que você queria?
50- Hoje é dia nacional de luta pelo aluno incompreendido.
51- Relapso sim, e daí?
52- Acordei tarde.
53- Acordei cedo e dormi de novo.
54- Tenho uma rara doença no cérebro que me impede de lembrar... O que é mesmo que eu estava dizendo?
55- Tive que segurar o cachorro para ele tomar vacina.
56- Hoje é dia de receber Boletim.
57- Perdi a hora.
58- Compromissos imprescindíveis me prenderam alhures.
59- No meio do caminho me deu uma dor de barriga...
60- Mamãe, tua criança está febril.
61- Esqueci onde fica a Escola.
62- Namoro firme taí.
63- Já nasci formado.
64- Eu pego esta matéria por telepatia.
65- Prefiro o Telecurso.
66- Eu queria uma escola com mordomias.
67- Quero que sintam minha ausência.
68- Depois que minha professora me disse que aprender é uma festa, perdi o convite.
69- Esqueci a maçã da professora.
70- Sempre fui fiel a meus princípios. Mato aulas por principio.
71- Nem tudo que reluz é aula.
72- De aula em aula o aluno enche o saco.
73- Cansei de matar aulas, agora só ensino como se faz.
74- Não foi a primeira vez e não será a ultima.
75- Você já notou como as férias estão cada vez mais curtas?
76- Alem deste teremos mais 42 dias letivos passíveis de se matar aula.
77- Ainda não acabei minha lição de casa.
78- Prefiro ser autodidata.
79- Ah! eu queria tanto...
80- Fui suspenso por excesso de faltas.
81- As grandes faltas de minha vida são aquelas que ainda não tive.
82- Ainda não entrei no ar.
83- Eu não mato aulas. Elas é que me matam.
84- Ao contrario do que diz o Ministério, para mim, o ano letivo não tem 180 dias.
85- Ainda não inventaram uma droga eficaz contra rejeição escolar.
86- Não sei porque, mas as aulas são sempre colidentes com meu estado de espírito.
87- Faltei hoje porque estou preocupado com uma boa desculpa para faltar amanhã.
88- Faltei por motivo de luto. Você não imagina como eu luto com a preguiça.
89- Ainda tenho uma pequena chance de ser reprovado; não é hora de desistir.
90- Estarei procurando o cara que inventou a escola.
91- Sou supersticioso, ir a escola em dias ímpares da azar.
92- Matar aulas é o meu fraco. Estou tão anêmico...
93- Tenho uma incrível vocação para a vagabundagem.
94- Não dou satisfações a quem não tenha a mesma visão política que eu.
95- Mais valem duas aulas "voando" do que uma na mão.
96- Iria, se a substancia da aula fosse mais consistente.
97- Eu poderia mentir, mas direi a verdade. Só que em outra ocasião.
98- A verdade dói. Você não poderia me machucar em outra hora?